Os primeiros dias do ano revelam um cenário energético mais otimista em termos de segurança no fornecimento. A recuperação dos reservatórios, favorecida pelas chuvas intensas, e a manutenção da bandeira tarifária verde criaram expectativas positivas para consumidores. No entanto, os preços futuros de energia elétrica apontam para um aumento nas projeções de curto prazo, refletindo tensões específicas.
Dados recentes do comportamento do PLD, divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) no Encontro do PLD neste último dia 22, e ainda, dados divulgados pelo Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia Elétrica (BBCE), revelaram movimentos importantes na curva forward. A variação dos preços futuros entre o início de janeiro e o dia 22/01/2025, que ilustram um aumento considerável para contratos de 2025 (+R$ 19,28/MWh) e 2026 (+R$ 14,61/MWh), enquanto os preços para prazos mais longos registraram elevações mais sutis.
O que está por trás das mudanças?
Mesmo com o aumento da capacidade hídrica no país – que atingiu níveis médios de 63% nos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste e 72% na região Norte – há fatores de mercado e climáticos influenciando os preços expressivamente no curto prazo.
- Demanda Elevada e Calor Intenso: A alta nas temperaturas intensifica a carga no Sistema Interligado Nacional (SIN), especialmente no início do ano. Segundo estimativas revisadas do setor, a demanda semanal pode alcançar até 86 GW médios, superando projeções iniciais em mais de 1,3 GW médios.
- Volatilidade Natural do Mercado de Energia: O mercado de curto prazo é particularmente sensível às mudanças climáticas e aos padrões de consumo, justificando o crescimento dos preços para 2025 e 2026. Por outro lado, os preços para anos posteriores, como 2029 e 2030, indicam maior estabilidade, refletindo uma expectativa de normalização nos fundamentos de oferta e demanda, além do fato destes períodos terem menor liquidez.
- Impactos Climáticos: O comportamento climático nas primeiras semanas do ano trouxe chuvas localizadas, mas intensas em regiões estratégicas como os rios Paranapanema e Madeira. Ainda assim, as altas temperaturas mantém a pressão sobre o consumo.
- Posicionamento dos Geradores:
No início de cada ano, a CCEE divulga ao mercado os montantes de energia sazonalizados de garantia física para os agentes geradores hidrelétricos, além da expectativa de geração para esses agentes. A partir dessas informações, é possível projetar o GSF (Generation Scaling Factor), um indicador que afeta diretamente o portfólio das comercializadoras e permite uma avaliação mais refinada da oferta de energia ao longo do ano.
Essa projeção de GSF, por sua vez, exerce uma influência significativa sobre a curva forward. Em 2025, as maiores variações na curva foram observadas no segundo semestre, quando o preço chegou a apresentar uma diferença de R$ 37,94/MWh (22%) no dia 22/01/2025 em comparação ao início do ano (veja no gráfico). Esse movimento reflete a dinâmica sazonal do mercado e as expectativas ajustadas de oferta e demanda, destacando o impacto do GSF nas negociações de médio prazo.
Gestão de Riscos em Foco
Este cenário reforça a necessidade de uma abordagem estratégica para empresas com elevados custos de energia. A alta volatilidade, especialmente em períodos de maior consumo, pode ser mitigada com soluções financeiras adequadas, como o hedge com derivativos e a diversificação no portfólio de contratos.
Além disso, o alinhamento com práticas ESG, incluindo o uso de energia renovável e aquisição de certificados de energia limpa (RECs), traz não apenas ganhos financeiros, mas também melhora o posicionamento das empresas diante de seus stakeholders.
Como nos Preparamos para o Futuro?
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