Neste fim de semana, EUA e China surpreenderam os mercados ao anunciar a redução temporária de tarifas comerciais por 90 dias, marcando o primeiro avanço diplomático desde o início da nova guerra comercial. As tarifas caem de 145% para 30% (EUA) e de 125% para 10% (China), com início em 14 de maio.
Essa mudança tem implicações diretas para as commodities agrícolas, em especial soja e milho, dois produtos no centro da disputa comercial e da segurança alimentar global.
Os impactos imediatos já começaram a aparecer: a soja subiu dois dígitos na CBOT, com expectativa de retomada das compras chinesas dos EUA; o milho também reagiu, diante da necessidade chinesa de garantir abastecimento, principalmente para o setor de proteína animal. O Brasil segue competitivo, especialmente com a reabilitação de cinco empresas brasileiras para exportar soja à China, reforçando nossa posição estratégica como fornecedor confiável e neutro.
Mas o cenário é mais complexo. Embora a trégua traga alívio de curto prazo, ela também reconfigura o jogo geopolítico do agro. A Argentina pressiona com soja barata no mercado internacional. Exportadores como Japão, Coreia do Sul e Vietnã já se movimentam para buscar acordos comerciais similares com os EUA. Internamente, a China enfrenta deflação no consumo e gargalos logísticos que limitam uma recuperação mais robusta da demanda.
Para o Brasil, o momento exige agilidade comercial e inteligência de mercado. Essa janela de 90 dias pode oferecer uma oportunidade para maximizar volumes e margens nas exportações, mas também traz a necessidade de reposicionar o produto brasileiro nos destinos, diante da possível retomada de participação dos EUA.
A guerra comercial esfriou. Mas o xadrez do agro global está somente entrando em uma nova fase.
Como sua empresa está se preparando para reagir a essa reconfiguração?