Contexto Econômico no Brasil
Nesta quarta-feira (07), o Copom decidiu elevar a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior patamar registrado em quase 20 anos. Esta decisão considerou um cenário externo de pressões inflacionárias e incerteza global, reflexos das preocupações com a política econômica dos Estados.
“O ambiente externo mostra-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de sua política comercial e de seus efeitos. A política comercial alimenta incertezas sobre a economia global, notadamente acerca da magnitude da desaceleração econômica e sobre o efeito heterogêneo no cenário inflacionário entre os países, com repercussões relevantes sobre a condução da política monetária. Além disso, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com fortes reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de maior tensão geopolítica.”, segundo o comunicado.
No ambiente doméstico os indicadores do mercado de trabalho e de atividade econômica seguem demostrando dinamismo, mas já sinalizam moderação no crescimento. A inflação segue acima da meta, com as expectativas sobre a inflação em 2025 e 2026 registrando 5,5% e 4,5% respectivamente.
Diante desta conjuntura, o Copom destacou que os riscos para a inflação seguem elevados e a política monetária precisa ser significativamente contracionista visando assegurar a convergência da inflação à meta.
“Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, estão mais elevados do que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.”, segundo o comunicado.
FED
O FED também divulgou sua decisão e manteve os juros na faixa de 4,25% a 4,50%, em seu comunicado o comitê informou que considerou um contexto de expansão econômica, com a taxa de desemprego estabilizada num nível baixo. Contudo, também destacou as preocupações com a permanência da inflação elevada e a elevação da incerteza sobre as perspectivas econômicas.
“O Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu mandato duplo e julga que os riscos de maior desemprego e maior inflação se aumentaram”, conforme comunicado.
A instituição informou também que seguirá monitorando estas condições e que está preparado para ajustar a política monetária conforme a necessidade para alcançar seus objetivos e atingir a inflação de 2% ao longo do tempo.
“O Comitê busca alcançar o máximo emprego e uma inflação de 2% no longo prazo. A incerteza sobre as perspectivas econômicas aumentou ainda mais. O Comitê está atento aos riscos em ambas as frentes de seu mandato duplo [de máximo emprego e controle da inflação]”, disse, em comunicado.
Reflexos na Economia Brasileira
O cenário de elevação da taxa Selic para 14,75% encarece o crédito, afetando o nível de consumo e investimento, o que pode gerar uma desaceleração da atividade econômica. Outro impacto significativo está na taxa de juros, em patamares elevados a Selic torna o país atrativo para investidores estrangeiros, fato que pode contribuir com a valorização do real.
Contudo, a dinâmica da conjuntura externa também exerce influência e manutenção de um dólar forte pode contrabalancear estes efeitos. A decisão do Copom, também pode afetar o mercado de trabalho com a desaceleração da atividade elevando o desemprego, afetando negativamente o consumo e a renda das famílias.
As decisões do FED e do Copom, sinalizam a complexidade e os desafios enfrentados atualmente num ambiente econômico global de incertezas, com indicações da necessidade de uma vigilância contínua para alcançar os objetivos econômicos de longo prazo.
Fontes
Copom eleva a taxa Selic para 14,75% a.a.– Bacen
Press Release – May 07, 2025 – Federal Reserve issues FOMC statement – FED