Em seu boletim recente, a Archer Consulting mencionou que as expectativas em torno da fadiga do mercado futuro de açúcar se tornaram realidade. No período de 12 a 19/out/21, foram liquidados pelos fundos 51.000 lotes de contratos futuros, o que ocasionou uma retração de 6% no mercado. O preço cash do açúcar caiu de 19,8 para 18,5 cents USD/libra-peso, como se pode ver na Figura 1 abaixo. Estes dados foram publicados pelo CFTC (Commodity Futures Trading Commission), agência norte-americana que regula os futuros e opções de commodities.
O vencimento março/22 encerrou no final de semana cotado a 19.08 centavos de dólar por libra-peso (lbp) e acumula queda de 72 pontos em comparação a sexta-feira anterior. No total acumulado de outubro, março/22 perdeu 28 dólares por tonelada. Maio/22 retraiu 22 e julho/22 13 dólares. Outubro/22 registrou 8 dólares, indicando que a pressão ocorre no curto prazo.
Na Figura 2 abaixo, já podemos ver uma leve recuperação destes preços futuros. Porém, a curva está levemente invertida entre março e julho/22, trazendo oportunidades e desafios para os diferentes agentes da cadeia. Oportunidade para compradores e hedgers de açúcar fecharem seu custo abaixo de 19 cents USD/lbp. Momento de atenção para vendedores de açúcar que ainda não garantiram receitas acima das médias históricas.
Este movimento é explicado em parte pelo comportamento do mercado físico do açúcar e pelo avanço da desvalorização do real em comparação ao dólar, que causa pressão nas curvas de preços além da próxima safra. As perspectivavas negativas para a economia brasileira também contribuem com este cenário, acentuadas recentemente com o viés populista adotado pelo governo, cuja as sinalizações contrárias ao equilíbrio fiscal provocaram forte reação negativa dos mercados na semana passada.
De acordo com dados publicados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), nos últimos dez anos, a produção global de açúcar cresceu 0.58% ao ano, em linha com o crescimento da população mundial. Já, o consumo de açúcar cresceu 0.80%, o que indica uma escassa formação de estoque.
Para a Archer, quando comparamos a previsão atual de produção em conjunto com o consumo mundial e comparamos com a média dos cinco anos anteriores, o crescimento médio de produção foi de 1,01% ao ano e 0,46% do consumo. Com este movimento, temos em torno de 800–900 mil toneladas em formação de estoque. Considerando a evolução per capita do consumo de açúcar realizado em alguns países selecionados, e inserindo as projeções do Banco Mundial sobre o crescimento populacional, os resultados indicam que, nos próximos 5 anos, observaremos um aumento global no consumo de açúcar em aprox. 9 milhões de toneladas.
Os principais países exportadores são: Brasil (43%), Tailândia (14%) e a Índia (8%). O mercado brasileiro é o que reúne as melhores condições para suprir a maior parte deste aumento na demanda. A previsão é de que, em 2026/2027, poderemos oferecer 6 milhões de toneladas adicionais, além de atender a demanda crescente de etanol anidro e desidratado.
Contudo, para tornar este cenário factível, deve ocorrer ganhos de produtividade no manejo de novas variedades de cana. Incluindo modernização dos equipamentos, além de melhorias dos tratos culturais e mudanças nas moendas.
Figura 1 – Preço Cash do Açúcar (Sugar #11) no último ano.
Fonte: https://br.tradingview.com/chart/
Figura 2 – Preços Futuros do Açúcar em NY (Nybot) para os próximos meses.
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